Eu não devia ter feito isso

“É errando que se aprende”. Clichês são clichês porque fazem sentindo, fato. E esse clichêzinho que eu escrevi é óbvio. Os erros só nos fazem crescer. Ok, sofrer também, mas vamos falar de coisas boas.

A pior sensação que existe é o arrependimento (olha quem disse que ia falar de coisas boas, né). É aquela agonia, o nó de marinheiro na garganta, a respiração forte e a vontade de chorar. E todo erro traz arrependimento, são quase sinônimos. Mas o arrependimento é o sinal que você aprendeu, e não vai fazer de novo.

O big deal do arrependimento é quando ele é irremediável. Você deixou o grande amor da sua vida ir morar em Brunei, você comeu muita castanha e agora está reinando e “botando robinhos para nadar”, você foi usar aquele salto 20 (isso existe?) e caiu bem na frente dele, você jogou o seu celular contra a parede e agora não tem como ligar pra farmácia, você dormiu tarde e perdeu a prova, você disse aquilo que não devia dizer porque estava de cabeça quente. É dor mesmo, sua vida nunca mais vai ser a mesma, lamento. É isso que você sente, não é?

Mas olhe para o lado bom: Você nunca mais vai deixar seus amores irem embora (ou quem sabe arrume as malas e vai pra Brunei, que é um país fantástico), você de agora em diante vai maneirar nas castanhas, você vai ter o bom-senso de usar o salto menorzinho para não ficar parcendo uma drag queen, você nunca mais vai quebrar seu celular de propósito (e agora vai ter um novo), você vai dormir depois da novela, você agora vai pensar antes de falar. Há males que vem para o bem, sacas?

E como evitar arrependimentos? Érr, evite errar primeiro (o bom é que eu não sigo meus conselhos haha). Pense antes de agir, experimente o tênis antes de comprar, cheire o leite do mês passado antes de beber, leve o guarda-chuva antes de sair. Depois, para evitaros arrependimentos, evite pensar e se concentre em consertar. Afinal, outro sábio clichê nos diz que a única coisa que não tem-se jeito é a morte. E eu acho que não nos arrependemos de morrer.

“Errar é humano, mas errar duas vezes é jumentice”, já dizia meu sábio Tio Pontes. E os arrependimentos só cuidam para que não viremos jumentos. Erros não nos ensinariam na-da se não nos sentíssemos mal por eles. Concorda que a frase do Tio Pontes devia ser um clichê?

Mali Melo